segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Propulsores para o "habitar" : Música










Música, propulsor de minha vida, apelo externo que motiva as minhas ações,, que desperta minha faculdade de sentir,  talvez uma paixão, uma paixão que consome a maior parte de meus instantes, porém algo significativo para meu “habitar poeticamente”, como diria o Hölderlin. Música, efetivamente algo que me impulsiona a tentar de fato existir.
Depois da pintura, a música é a forma de expressão de arte que rodeia minhas idéias, motivo de minhas experiências estéticas mais intensas. Meus ouvidos consomem vibrações cheias de sentimentos, dores essências como é o caso Laney Stanley (Alice in Chains), com a música Angry Chair: Loneliness is not a phase Field of pain is where I graze .Serenity is far away...” (Tradução: Solidão não é uma fase. O campo da dor é onde eu pasto.Serenidade está longe...) Sons que nos remetem a sentimentos tão viscerais que nos levam a profunda angústia, angustia esta, sentida através da voz sôfrega do artista. Suas razões talvez não sejam conhecidas e nem vivenciadas por mim, mas são os sentimentos por ele expressados que me revelam certa identificação, a possibilidade em vivenciá-los é o que comove.
          O harmonizar de sons e palavras também nos remetem ao amor, o amor entre amantes, como é o caso do cantor e poeta Arnaldo Antunes, na música, Pedido de Casamento: “Eu só queria ter o nosso cantinho. Meu corpo junto ao seu mais um pouquinho. Tenho certeza de que daria certo. Nós dois sozinhos num lugar deserto...” Esta canção, uma das minhas preferidas, nos revela a delicadeza de momentos vivenciados por duas pessoas que num exato instante sentem-se felizes e completos com a presença um do outro. Sentimento doce e tão necessário ao Ser...
A música nos revela ainda, o sentimento de inconformismo como é o caso dos cantores poetas que fizeram de sua arte arma contra a ditadura, como na música , Apesar de você, do Chico Buarque:
 “Hoje você é quem manda. Falou, tá falado. Não tem discussão. A minha gente hoje anda. Falando de lado. E olhando pro chão, viu. Você que inventou esse estado. E inventou de inventar.Toda a escuridão.Você que inventou o pecado. Esqueceu-se de inventar o perdão”. Vi em uma reportagem com o Chico, onde o mesmo afirmava que nesta época, para burlar os sensores, ele punha nas músicas muitos excessos, ou seja, frases com sentidos explícitos, frases estas que tinha certeza que seriam cortadas, aí só restaria nas letras o que realmente o compositor almejara expressar, protesto sutil em volto em uma subjetividade sólida.
Assim, a música me possibilita experiências estéticas tão essenciais, tão efetivas, onde, transcedo minnha vã existência e sou consequentemente remetida  ao movimento proporcionado pelo sentir.

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