sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Os termos gregos que entrelaçam a concepção estética


Os termos Aisthesis, poesis e tekhené estão diretamente ligados às concepções estéticas de arte ou de obra de arte. Uma obra de arte segue padrões específicos para que a concebamos como tal, e todos os âmbitos da arte, como: pintura, literatura, fotografia, estão relacionados à essência desses termos. Uma obra de arte tem como principal finalidade a exteriorização de sentimentos ou a tentativa de “imitação” de sentimentos da realidade humana, ou como definem os gregos, parte do princípio inerente ao homem, a Aisthesis, que seria justamente, esta capacidade ao despertar de sentimentos, ou seja, o homem sensível aos estímulos externos a partir de sua essência de animal pensante, porém instintivo.
O artista para produção de uma obra, segue, específicas habilidades, ou seja, um pintor como Klimt, Delacroix, Munch, ao criarem um quadro, tinham habilidades específicas com o manejo das tintas que iriam produzir as tonalidades das cores do quadro; com a superfície onde aplicariam as tintas; com os formatos dos pincéis; fazendo emergir daí, técnica específica e estilos diferenciados, ou como podemos definir, o artista tem a técnica, ou seja, o principio da tekhené. Quando o quadro, um poema, uma escultura são criados a partir da essência da tekhné, se concretizando em uma obra, aí temos o que os gregos definiram como Poiesis, ou seja, a materialização da obra.
Aristóteles em sua Poética afirma que Sófocles em sua obra, Édipo Rei, obra esta produzida pelo dramaturgo a partir da tekhne, que seria a habilidade técnica, ou poderíamos caracterizar como a essência da obra, a tragédia grega, parte do princípio da mimesis, ou seja, simula e imita paixões e ações humanas e tem como finalidade maior, despertar sentimentos e sensações no homem, ou como diria o
próprio Aristóteles, pretende ''suscitar o terror e a piedade humanos'', a partir da faculdade da Aisthesis , que é a percepção sensorial, a faculdade de sentir através dos órgãos relacionados aos sentidos, como já falamos anteriormente. Na analise estética de Aristóteles na obra a Poética o mesmo define a Obra Trágica, Édipo Rei, de Sófocles como um exemplo perfeito de uma obra de arte, uma obra de arte por excelência. Uma obra de arte que, segundo Aristóteles, obedece perfeitamente à estrutura estética. Para Aristóteles, a tragédia grega, especificamente, Édipo Rei, segue o princípio da unidade, ou seja, é uma história que obedece a uma continuidade de inicio meio e fim; busca a imitação de ações humanas que podem vir a ser positivas ou negativas, a partir da linguagem do mythós (narração) ações estas que poderiam e podem ocorrer na vida dos homens, o que Aristóteles conceituará como princípio da verossimilhança; além também de obedecer principio o fundamental de suscitar no espectador a reflexão a cerca das problemáticas apresentadas na trama com intuito de formação virtuosa do caráter humano, que Aristóteles estabelece como regra da Katharsis (purificação).
A obra Édipo Rei narra as mudanças ocorridas ao longo da vida de um homem, ou seja, mudanças estas relacionadas tanto a sua felicidade quanto a infelicidade. Na obra, Édipo, está envolto em uma incessante busca da verdade dos fatos que assolam sua vida e do seu auto-reconhecimento, já que todas ações de Édipo no decorrer da história estão ligadas a hamartia da personagem, ou seja, ao erro, que no caso de Édipo caracteriza-se como involuntário. Porém, que se torna o grande causador de suas alegrias e dores, já que, em toda história Édipo se depara com acontecimentos incomuns que o levam ao ápice e logo em seguida ao profundo sofrimento.
Assim, Sófocles ao criar a historia, Édipo Rei, utilizou-se da essência que envolve os termos Aisthesis, Tekhné, Poiésis pois são o termos que entrelaçam o conceito de arte e que envolvem todo o processo de produção artística.

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